terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Meraki.

Dei o melhor de mim porque é só o que tenho a oferecer.
Mas sou feita de partidas.
Vindas e idas.
Sou partida.
Em pedaços.
Que distribuo por aí.
Pra mim mesma sobra muito pouco.
Sobra quase nada.
Sobra, só.

De mim mesma tenho pouco, me entrego facilmente por aí.
Entrego amor.
Sou amor.
Me distribuo por aí.
Sou meraki até na alma.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Tal qual a vida

chegar ao destino é voltar pra casa.

Naufrágio nos olhos

e pelo rosto é a alma que escorre.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

"Experimentar a paz não quer dizer que a vida é sempre perfeita. Significa que você é capaz de chegar ao estado mental de tranquilidade em meio ao caos normal de uma vida frenética."




TAYLOR, Jill Bolte. "A cientista que curou seu próprio cérebro - o relato da neuerocientista que viu a morte de perto, reprogramou sua mente e ensina o que você também pode fazer."

sexta-feira, 4 de julho de 2014

     O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
     O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
   O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
     O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
    O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
     O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
     O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
     O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.  Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
  O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
  O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


DE MELO NETO, João Cabral. "Os Três Mal-Amados."

segunda-feira, 23 de junho de 2014

DAMATTA, Roberto. (sociólogo)

             "A coisa chegou a tal ponto, que a palavra "política" passou a designar precisamente esse jogo amoral no qual a igualdade é sempre ultrapassada por pessoas que, desdenhando das leis, passam a controlá-las em vez de zelar por elas. Ou um ritual nos quais os criminosos são acusados, mas quando são importantes, livram-se da pena porque têm comprovadas relações pessoais e partidárias com os donos do poder."


Revista Veja, ed. 2.2021, ano 40, artigo: "Sem culpa e sem vergonha", Ed. Abril, 15/8/2007 apud. SILVA, Ana Beatriz Barbosa, "Mentes Perigosas - O psicopata mora ao lado".

"[...] Mas já existiram tempos em que...

o status intelectual e a retidão de caráter também eram características bastante valoradas entre os membros de nossa sociedade.
                O "saber" e o "ser" já foram bens de alto valor moral social. Hoje vivemos os tempos do "ter", em que não importa o que uma pessoa saiba ou faça, mas sim que ela tenha dinheiro ( de preferência muito) para pagar por sua ignorância e suas falhas de caráter.
               Nesse cenário propício surge a cultura da "esperteza": temos que ser ricos, bonitos, etiquetados, sarados, descolados e muito invejados. O pior dessa cultura é que seus membros não se contentam apenas com o "ter", é necessário exibir e ostentar todos os seus bens. Assim ninguém esquece, nem sequer por um minuto, quem são os donos da festa."


SILVA, Ana Beatriz Barbosa. "Mentes Perigosas - O psicopata mora ao lado."

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Resposta do Chefe Seattle ao presidente dos Estados Unidos que desejava comprar suas terras.

“Se nós vendermos nossa terra , vós deveis lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e também vossos. E vós deveis dar aos rios a ternura que mostrais a um irmão. Sabemos que o homem branco não entende nossos costumes . Um pedaço de terra , para ele , é igual ao pedaço de terra vizinho, pois é um estranho que chega ,às escuras, e se apossa da terra de quem tem necessidade. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e uma vez conquistada , o homem branco vai mais longe. Seu apetite arrasará a terra e não deixará nela mais que um deserto.” “O que é o homem sem os animais? Se os animais desaparecerem , o homem morrerá dentro de uma grande solidão. Ensinai também a vossos filhos aquilo que ensinaremos aos nossos: que a terra é nossa mãe. Dizei a eles que a respeitem , pois tudo que acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no chão , eles cospem sobre eles mesmos. Ao menos sabemos isto: a terra não é do homem ; o homem pertence à terra. Todas as coisas são dependentes. Não foi o homem que teceu a teia de sua vida, ele não passa de um fio dessa teia. Tudo que fizer para essa teia estará fazendo a si mesmo.”  (1854)


Enterrem meu coração na curva do rio.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

"Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar.

Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida. Fomos criados pela televisão para acreditar que um dia seríamos ricos, estrelas de cinema. Mas não seremos. E estamos aos poucos aprendendo isso. E estamos muito , muito revoltados."

"O Clube da Luta", PALAHNIUK, Chuck.

"Nunca deixe ninguém dominar seu corpo ou sua mente.

Tenha um cuidado especial para que seus pensamentos permaneçam livres. Um indivíduo pode ser livre, contudo pode estar mais preso do que um escravo. Dê seus ouvidos às pessoas, mas nunca o coração. Demonstre respeito por aqueles que estão no poder, mas nunca os siga cegamente. Julgue com lógica e razão, mas nunca faça comentários. Nunca considere alguém superior ou inferior a você, não importa que posto ou situação eles tenham na vida. Trate todos com justiça, ou poderão querer se vingar. Tenha cautela com o dinheiro. Atenha-se às suas crenças, e os outros a ouvirão. Quanto aos assuntos do amor... seja sincero. É a ferramente mais poderosa para abrir um coração ou ganhar um perdão."

"Eragon", PAOLINI, Christopher.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

(H)ouve-se silêncio.

Em meio a tempestade, até o vento silenciou.

Vivo na estrada,

então vem me acompanhar.
A gente caminha sem pensar...
Deixa o Sol raiar pra no fim do dia descobrir
onde quer chegar.

terça-feira, 3 de junho de 2014

"white lips, pale face... breathing in snowflakes"
(they say that it's too cold outside for angels to fly)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sorrisos e

Flores
foram deixados
para trás

Abraços
e bom dia
não se dão
mais

Século XXI
era da tecnologia
tablets
e orgia

Bolsos
cheios e
almas
vazias

quarta-feira, 30 de abril de 2014

domingo, 27 de abril de 2014

    Jared Leto as Nemo Nobody in Mr. Nobody.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

quarta-feira, 23 de abril de 2014

cada um se mata como quer
todo mundo morre
cada vez
que acaba o dia

a cara cheia
de
cicatriz
encheu a cara

enquanto
o tempo
não passa
e você
não vem

e nem volta.
uma xícara de café
uma dose de uísque
um pouco
cada vez

na falta
do que
fazer

na falta de
quem amar
amei a mim mesma
e não,
não vou me largar.

uma foda
qualquer
uma noite
comum


tu, que do nome

não lembro
eu perdi
mas foi
por esse
caminho

que eu
me
(re)
encontrei