segunda-feira, 23 de maio de 2011

Mas você não vai me ver chorar.

Por muito tempo eu não escrevi sobre mais nada. Eu não falei sobre mais nada. O fato é que estava sentindo demais. A falta de alguém que nunca me pertenceu, a solidão do lar. O frio entrando pela sacada já não se igualava ao frio que algum dia houve dentro de mim. Não havia festas, bebidas e nem cigarros. Por muito tempo não houve perdição e nem diversão. Me tornei o nada que prometi a mim mesma jamais me tornar por alguém. Eu continuava a sorrir. Sorrir sempre foi fácil. Eu permaneci por muito tempo respondendo que sim, que estava bem quando alguém perguntava, já que de verdade mesmo, a resposta ninguém quer saber. Tenho percebido isso ultimamente. Aquelas milhões de pessoas que já te disseram que estariam ao seu lado pra tudo... QUANTAS realmente estão? Mas de verdade mesmo. Aquelas que querem saber se você está um pouco melhor a cada dia, que querem te ajudar, que ficam preocupadas ao ver... ver você se machucar. O corte libera endorfina que é praticamente anestésico. Mas como anestesiar o que se sente? É nesse momento que ferir a si mesmo parece uma boa ideia. Você sente tanto a dor física - e quer sentir porque ela liberta, não deixa sufocar - que não se importa se seu coração está em pedaços ou se sua alma está misturada a fumaça tóxica. Aí então você se fecha novamente. Por Zeus, eu tenho vivido apenas um dia por semana e chorado em todos os outros. Todos veem mas não querem falar nada. A dor ganha o infinito por companhia e eu só quero que acabe mais um dia. Até o café já esfriou de tanto esperar que tudo volte ao normal. Eu estou aqui mais uma vez. Juntando palavras e escrevendo aquilo que não se pode descrever. O frio arrepia minha espinha, sei que estou sozinha. Mas vamos parar de chorar esse coração, espere um momento, aah.... Como eu queria! Como eu preferia os dias em que meu coração não batia.