segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sobre melodia e rosas.

A canção percorreu o ar e invadiu os ouvidos acalmando os corações. A doce melodia do piano de calda se misturava sutilmente com os acordes dramatizados do violoncelo. Lá fora, em outros tempos, ela permanecia sozinha. Os olhos escuros como a noite seguravam as lágrimas enquanto pelos cabelos a chuva escorria. Não mais trazia certezas. As duvidas que a preenchiam eram demasiadamente pesadas. Quem sabe algum dia voltaria a sorrir mas agora, encontrava-se sozinha. Ao longe, um vermelho sangue pintava o chão de pedras. Levantou-se com o pouco de força que lhe restava e pôs-se a caminhar na direção da unica cor que via. Encontrou ali um jardim de rosas vermelhas. Tão vívidas como a primavera. Arrancou uma flor já aberta sem muito cuidado, e respirou-a. Por um momento pode sentir tudo que a rosa já tinha visto naquele jardim. O som no salão metamorfizava-se aumentando o ritmo rapidamente. Então ela dançou. Como nunca jamais havia feito. Sabia agora que mesmo com os espinhos contidos na flor, não perdera sua beleza. Podia ainda enfeitar o dia. Relembrar o amor.